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Quando você mesmo é seu colo

25 abr

Às vezes a gente precisa de alguém para conversar e ninguém está disponível. Falta um ombro amigo, um colo, quem quer que seja que te escute e te apoie. Não tem ninguém. Aquele amigo que tinha marcado liga e cancela. O outro que há tempos promete aquela cervejinha no bar está de novo ocupado. Nem alguém da sua família pode te ouvir.

Tem dias que é preciso a gente mesmo ser nosso colo.
São tempos não só de amores superficiais – desses que de tão líquidos escorrem pelo ralo – mas também de amizades assim. Parece que não faz muito tempo que as pessoas eram mais disponíveis e sabiam escutar. Tempos em que doar-se era bonito e não sinal de fraqueza.
Hoje em dia ninguém pode, todos estão sempre ultra, mega, super ocupados. O trabalho é mais importante que a amizade, que o amor, que a solidariedade. Que geração chata essa que privilegia a carreira à vida. Mas é a vida… dizem uns.
Apesar de toda aquela lenga-lenga de frequência afetiva, eu acho que tudo isso é desculpa. Escusa de gente que não quer, de quem não está a fim, ou de quem julga ter algo melhor pra fazer do que estar com um amigo. É preciso sim respeitar o tempo de cada um. Assim como você pode ter aquele parceirão baladeiro que sempre é o primeiro a chamar para sair, pode ter também outro que goste mais de programas caseiros, como um filminho no final de domingo, e que raramente toma a iniciativa de te mandar mensagem. Mas é importante ser presente na vida das pessoas. Mostrar que você se importa com elas. O velho ditado de que quem muito se ausenta um dia deixa de fazer falta, segue sendo verdade.
O trabalho é mais importante. Tão importante que esgota nossas vidas e nos deixa cansados. Cansados para sonhar e deixar-se amar. Aquele que está na tela do celular tem mais preferência do que o que está sentado à nossa frente na mesa do bar, compartilhando do momento. Preferimos fotos vazias nas redes sociais, cenas montadas e carregadas de falsidade, do que um o sorriso aberto e a risada – às vezes meio esquisita – mas que preenche cada espaço da sala, daquele amigo que não vemos há tanto tempo. Quando digo preferimos não estou generalizando, mas sim me referindo a uma maioria. Aqueles que ainda não descobriram que felicidade não cabe no Facebook e que agora estamos aqui, mas amanhã já não sabemos, por isso é necessário valorizar quem sempre está ao nosso lado (ou tentando estar).
Quem bom que, mesmo minoria, ainda tem gente que sabe ser presente. Presente do dia a dia.

Permita-se a lembrança boa

12 mar
brilho

Foto: Divulgação

Se você pudesse guardar uma lembrança boa de um amor que lhe feriu, qual seria? Normalmente, quando se termina um relacionamento, o que permanece mais na memória são as lembranças ruins. Recordações de momentos que foram desgastando a relação, ou que sem desgastar, chegaram de surpresa para acabar com tudo.
É difícil não dar atenção para esses pensamentos, pois foram eles que nos machucaram e, de certa forma, nos transformaram. Foi aquela briga horrível, foi a crueldade de uma mensagem de WhatsApp, foi o excesso de ciúme, a traição, o egoísmo. Não importa o que tenha sido, normalmente isso habitará nossa mente por um tempo determinado, dependendo da intensidade com que foi vivido esse amor.
Mas quando passa o período do luto, da raiva, ou o que quer que você tenha vivido ao perder alguém que amava, passamos a enxergar que aquela relação teve muitas coisas boas. É quando enfim estamos curados.
Diferente do filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, não existe uma fórmula pronta para apagar as recordações de alguém. Por isso, guarde os sorrisos, os olhares, o jeito de falar que você tanto adorava e as manias engraçadinhas. Fique com a magia daquela tarde de sol, com o abraço que te protegeu do frio, com o modo como ele te defendeu na frente de todo mundo.
O amor merece que guardemos as lembranças boas.
De um relacionamento que me marcou muito, eu guardo, por exemplo, a lembrança das palavras que precederam nosso primeiro beijo. Um momento acompanhado da certeza que eu não queria estar em nenhum lugar do mundo que não ali. Já meu último término, até hoje não entendi e nunca entenderei o que aconteceu, porém guardo a lembrança mais linda e é uma cena que passa seguidamente pela minha cabeça. Nós dois já altos de vinho, caímos na grama e ríamos um para o outro, numa sincronia difícil de explicar entre dois bêbados. Aquela foi a última vez que eu fui o motivo do sorriso dele.
O amor é isso, feito de momentos. De cenas. Alimentar essas boas lembranças deixa o coração aquecido e a vida mais bonita, enquanto não chega aquela pessoa que será a próxima a encher nossa vida de cenas de filme outra vez.
Pode ser o sexo tórrido na biblioteca, aquele início meio atrapalhado que um não sabe como se despedir do outro, ou o anel colocado no dedo com juras de amor. Mas sempre opte por ficar com essa lembrança e não com a lembrança da devolução do anel.
Deixar que o que foi bom permaneça é respeitar o que foi vivido e não apagar a dor que causou, porque isso seria impossível. Mas é também e simplesmente permitir que qualquer lembrança exista sem mais lhe causar sofrimento.
Manter boas recordações é decidir fazer as pazes com o passado. É perdoar alguém que foi importante, mas hoje não tem mais sentido em sua vida. É entender que tudo é impermanente e tem prazo de validade.
Se durasse para sempre você teria o presente e não bonitas recordações.

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