No feriado assisti ao último filme do Woody Allen lançado no Brasil, Blue Jasmine (EUA, 2013). Como a maioria dos filmes de Allen, esse também tem bons diálogos e uma trama inteligente tratando de questões tão presentes na atualidade como relacionamentos superficiais, traições, supervalorização do dinheiro, corrupção e claro, mulheres insanamente adoráveis.
Cate Blanchet está impecável no papel de Janete (que vira Jasmine para ter mais glamour). Ela representa uma mulher que esqueceu o passado e aceitou viver uma vida de luxo ao lado do marido Harold Francis (Alec Baldwin) fechando os olhos para todo o tipo de corrupção, inclusive ao dar um golpe em sua própria irmã Ginger (Sally Hawkins) e no marido dela Augie (Andrew Dice Clay) que acabam de ganhar uma fortuna e são convencidos por ela de que “Hal” (Harold) poderia ajudá-los a investir melhor o dinheiro. Os dois acabam perdendo tudo.
Essa mesma irmã é quem acolhe Jasmine depois que o marido é preso e o governo bloqueia todos os bens do casal. Jasmine não tem para onde ir, então recorre a última pessoa que ainda tem no mundo. Ginger passa por cima de tudo o que aconteceu no passado e recebe a irmã em sua modesta casa, ajudando-a a ir levando os dias. O resto não vou contar para não acabar com a surpresa de quem não viu ainda, mas o que posso dizer é que Jasmine é uma mulher tão humana como todas nós, cheia de pequenas crises, cenas que com certeza farão quem está do outro lado da tela dar muitas risadas e se emocionar com os momentos obscuros de delírios da protagonista.
Jasmine é uma personagem que reúne muitos dos dramas femininos na atualidade. Ela é traída, vê seu relacionamento terminar escandalosamente. Assim como uma mulher real, sente raiva e muitas vezes não consegue controlá-la, como no momento em que se vinga do marido após saber de uma das traições, entregando- o à polícia mesmo sabendo que sua vida desmoronaria junto. Ela também sofre com as frustrações de não saber o que fazer de sua vida a partir de então. É assediada no trabalho, vê um novo relacionamento exatamente como ela tinha sonhado iniciar e devolver a ela a chance de se sentir feliz ao lado de alguém de novo. Porém com a mesma rapidez que começa também termina, de forma desastrosa. Ela sofre para se adaptar à sua nova realidade, ela chora, ela faz os outros sofrerem, ela surta. Paga caro por todas as escolhas que fez.
Dos filmes de Allen que já assisti, com certeza este não é o melhor, mas agrada por diversos motivos, entre eles porque Jasmine é uma mistura de dramas e comédias. Uma mulher que não sabemos se vamos odiar ou amar. É possível que agora mesmo do seu lado, ou em algum momento de sua vida, você vá encontrar uma Jasmine, mas não se assuste! Ela consegue ser boa e má ao mesmo tempo. Detestável e encantadora, basta escolher com qual delas você vai ficar.
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