Arquivo | julho, 2014

Jardim de inverno

23 jul

Eu sempre gostei de mexer na terra. De literalmente por a mão na massa. Acordei na segunda-feira, 21, com uma vontade de fazer algo diferente. Aqueles dias que não se sabe o porquê, mas são mágicos. Tomei café da manhã e fui até a janela. Estava um dia como qualquer outro, porém a brisa beijou meu rosto, como um convite para sentir aquele momento com tudo que tem direito. Respirar o dia. Sentir o colorido daquela manhã, com os olhos, o olfato e o coração. Assim foi meu primeiro dia de férias. A primeira coisa que vi quando abri a janela foi uma rosa resistindo bravamente ao frio dos últimos dias. Decidi. Queria dar mais vida ao inverno. Fui plantar flores!

Não sabia onde nem como, nunca havia plantado nada antes. Porém sabia que se plantasse em algum canteiro, no solo, na primeira geada minhas lindezas morreriam. Seria trabalho perdido. Então à tarde comecei a preparar tudo. Garimpando no ‘escritório de bagunças’ do meu pai encontrei uma caixa de madeira dessas de feira, bem velha e desgastada pelo tempo. Plim! Veio a ideia! Decidi fazer, à minha moda, uma floreira para colocar debaixo da janela do meu quarto. Ali as flores ficariam abrigadas e protegidas das baixas temperaturas e durante todo o dia o sol bateria ali para aquecê-las e um ventinho para ajudá-las a ‘respirar’. Com a ajuda do pai, serramos a caixa ao meio, lavei e deixei secar. Depois de seca, em vez de lixar – queria um ar rústico, já fui logo pintando a primeira demão de tinta.

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O único problema de não lixar é que a madeira absorve bastante tinta e é necessário no mínimo três demãos. Usei tinta acrílica a base d’água Renner Premium, cor branca, alto brilho que é fácil de preparar até por quem, assim como eu, não tem lá muita habilidade.

Enquanto esperava os intervalos entre as demãos e a secagem definitiva da tinta, fui para parte que achei mais interessante: escolher as flores. Cheguei à Floricultura (aquela ao lado do CTG, em São Francisco de Paula) e expliquei ao senhor que me atendeu a minha necessidade de flores que se adaptassem bem a vasos pequenos. Ele me mostrou várias, explicou como deveria fazer e acrescentou que esse é um ótimo momento para plantar, pois as flores cultivadas agora abrirão logo mais, na primavera.DSCF7923

Escolhi duas mudas de Mini Amor-Perfeito (só porque achei o nome uma graça) uma amarela e outra roxa. Pimentinha Vermelha, Boca-de-Leão cor-de-rosa e Flor-de-Mel (porque o cheirinho é delicioso).

Os vasinhos também foram ao estilo Do It Yourself. Sabe o iogurte Nestlé Chandelle Sensação que tem o potinho cor-de-rosa? Pois é, os potinhos viraram vasinhos bem estilosos. Já os branquinhos são de material acrílico comprados bem baratinho no bazar Super 1,99 (aquele próximo à Livraria Miragem).

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Depois de plantar as flores nos vasinhos, tive que pensar no suporte para floreira, em como fixa-la junto soleira da janela. Voltei ao ‘escritório de bagunças’ do meu pai e encontrei barbantes em chicote PEAD. Juntei três pedaços e trancei, depois repeti o procedimento com mais três pedaços. De forma que fiz duas tranças de 40 cm de largura cada.

Depois de seca a tinta, amarrei uma trança de cada lado, formando duas argolas e preguei na parede.

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                Antes de colocar os vasos na floreira já fixada na parede, achei que deveria identificar as flores, cada uma com uma plaquinha. Tinha em casa, não sei por qual motivo, palitinhos de picolé que na papelaria custam poucos centavos. Então peguei canetas do tipo finepen 0.4  e deixei a criatividade tomar conta:

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– Pimentinha: Xô Inveja;

– Boca-de-Leão: Para o sorriso ser maior ainda;

-Mini Amor-Perfeito: Porque não importa o tamanho do amor;

– Flor-de-Mel: Para adoçar a vida;

– Cacto do Campo: Para que os espinhos virem passarinhos (o cacto foi um presente que tinha há tempos, resolvi juntá-lo às flores para dar uma variada).

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E por fim, só coloquei as plaquinhas nos vasos e eles na floreira e ficou pronto. Meu jardim de inverno. As flores representam os bons sentimentos e a certeza de que mesmo que o clima agora esteja gelado, logo elas florescerão, ao primeiro sinal da primavera.

45 dias de suspense

15 jul
Há tempos venho pesquisando sobre o ‘Mestre do Suspense’, suas técnicas cinematográficas que prendem o espectador com os olhos fixos na tela com as melhores e mais refinadas tramas. Terror sutil, perspectivas de câmera inovadoras para época, fixação por loiras e manias, manias, manias (não sei por que, mas me identifiquei um pouco…).
No dia 21 de junho não aguentei a curiosidade, deixei alguns afazeres de lado e decidi começar a assistir a filmografia de Alfred Hitchcock. Missão não muito fácil, porque alguns filmes estão fora de catálogo, outros se perderam no tempo. Porém vou assistir somente os filmes que Hitch atua como diretor, excluindo os primeiros mudos do início da carreira, década de 20, quando ele atuava como designer de títulos, diretor de arte e diretor assistente. São 78 obras no total, incluindo estes primeiros, alguns curtas-metragens e 17 episódios que ele dirigiu da série Alfred Hitchcock Presents, que foi ao ar de 1955 a 1961 e os episódios dirigidos por ele das séries The Alfred Hitchcock Hour, “I Saw the Whole Thing” (1962), “Four O’Clock” (1957) da série Suspicion e “Incident at a Corner” (1960) da série Startime. Além do documentário sobre o Holocausto “Memória dos Campos” (1945). Então, excluindo os de direção de arte e direção assistente, tenho 61 filmes e 19 episódios para assistir.
As obras de Hitchcock atravessaram o tempo, até hoje são referências no gênero e inspiram novos cineastas (que claro, nunca terão a genialidade de Hitch, but…). Muitos dos filmes são considerados grandes clássicos do cinema mundial. Sem falar na fotografia deles, que certamente merecia um prêmio à parte. O gordinho simpático (se bem que há quem pense o contrário e não o considere tão simpático assim) foi um cara ousado para época, trouxe para as telas muitas inovações e causava um reboliço com os críticos daquele tempo, ao apresentar cenas de beijos com mais de três segundos (oooh!) e nudez parcial.
Do primeiro dia até hoje consegui assistir 13 obras (número significativo!). Ao contrário da maioria dos fãs de Hitchcock, eu preferi começar pelos filmes menos badalados (somente Os Pássaros que eu não resisti e acabei olhando antes). E engana-se quem pensa que por ser o ‘Mestre dos Suspense’ é fácil encontrar seus filmes. Claro que os mais famosos como Psicose (1960), Os Pássaros (1963) e Um Corpo que Cai foram fáceis, e quase todos os filmes mudos da carreira de Hitchcock são de domínio público e estão disponíveis na internet, porém alguns do período inglês tive que buscar em sites especializados, alguns comprei, outros consegui baixar da internet. Meu maior problema foi encontrar os longas-metragens com legendas em português. Tive sorte, pois muitos dos filmes do cineasta estão disponíveis em idioma espanhol, o qual entendo bem.
A meta é, até o final das minhas férias de inverno, que vão de 21 de julho a 04 de agosto ter assistido toda a filmografia. Mas sei que é pouco tempo. Para me motivar – se bem que nem precisa muito, pois as obras por si só são tão interessantes que deixam sempre com vontade de assistir outro e mais outro, fiz uma espécie de TOP 13, em ordem de preferência, por sinal, contrariando ordem de preferência da maioria dos outros fãs de Hitch.
Top 13 Hitchcock 
 
1- Psicose
2- Os Pássaros
3- Interlúdio
4- A Dama Oculta
5- Quando Fala o Coração
6- Os 39 Degraus
7- Correspondente Estrangeiro
8- Festim Diabólico
9- Rebecca, a Mulher Inesquecível
10- Agonia de Amor (O Caso Paradine)
11- A Estalagem Maldita
12- The Pleasure Garden
13- Mulher Pública
Depois que assistir todos os filmes da meta, farei um post do Top 10 da carreira de Hitchcock e quem sabe até coloco aqui os traillers oficiais e uma pequena resenha de cada um. Mas isso é assunto para beeem mais adiante.

Fotografia em palavras: alunos lançam exposição de Haicais

11 jul

Os alunos da turma 7º Ano B da Escola Estadual de Ensino Fundamental Antônio Francisco da Costa Lisboa lançam hoje, às 11 horas, uma Exposição de Haicais na Miragem Livraria (Avenida Júlio de Castilhos, 603, Centro). A exposição iniciou no dia 7 de julho e estará disponível para visitação até o dia 25 deste mês, durante o horário de funcionamento da livraria.

Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no século XX. É composto de três versos e procura retratar um momento, um instante. Por esse motivo é considerado “a fotografia em palavras”.

“Encantam pela simplicidade ao mesmo tempo em que é preciso grande sensibilidade para escrevê-los”, afirma a  professora de língua portuguesa Kellen Vasem Klein, que orientou os alunos na criação dos poemas. Os haicais expostos na livraria foram produzidos pelos estudantes sob um olhar para o pátio da escola.

Eles podem ser vistos na Miragem de segunda à sexta-feira: das 9h às 19h30min, no sábado das 9h às 20h e no domingo das 11h às 19h. Sempre sem fechar ao meio dia.

¡A lo hecho, pecho! ou por que a Karine enveredou para o espanhol

11 jul
Quis o destino (sim, eu acredito em destino!) que antes de realizar meu sonho de me tornar uma jornalista diplomada, eu tivesse outra profissão: licenciada em Letras/Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola – acho que jamais conseguirei dizer professora de espanhol! Sei lá, acho esse título demais para mim. Mas é tão real, tão real que já tem até data: 2015/2
Pois bem, sempre gostei de espanhol, não como a paixão arrebatadora que tenho pelo jornalismo, mas como um amor brando, que foi crescendo aos poucos, sem pretensão de ir longe. Na escola, me dedicava bastante nas aulas de línguas estrangeiras e o espanhol era o idioma preferido. Sempre admirei muito os países da fala hispânica e suas culturas. Quando surgiu a oportunidade e abriu a primeira turma a distância na cidade, eu, recém saída do Ensino Médio, não tinha olhos para nada além do meu jornalisminho querido, na minha Unisinos querida, faculdade que sempre quis estudar. Porém, mais tarde, no início de 2012 abriu no Centro de Apoio para Educação a Distância de São Chico a segunda turma de Letras- Espanhol pela UFSM. Não pensei duas vezes: me joguei.
Uma formação acadêmica que começou de brincadeira. Um dia disse para minha mãe: – “Vou estudar espanhol a distância”. Nem ela nem eu acreditamos no que ouvimos, mas fui lá, fiz vestibular, passei, mal inclusive – só deu para passar – mas entrei! Então estava eu ingressando no ensino superior público, depois de três anos cursando jornalismo numa faculdade particular. No início foi um sonho. Que ótimo tudo free, não tinha que pagar nada! Mas depois eu entendi que o tempo gasto em zilhões de leituras, vídeos, músicas, conversas no Skype, artigos, e muitos, muitos trabalhos orais e escritos, valia bem mais que dinheiro…
Não acreditava concluir um único semestre. De imediato passei a lidar com a dificuldade de conciliar o pouco tempo que tinha com duas faculdades, outros dois cursos, um emprego que me ‘sugava’, pois era bem assim que eu me sentia, e mais a tentativa de manter uma vida social. Jamais abandonaria o jornalismo, talvez ele me abandone antes que eu resolva deixá-lo. É como um amor louco, cheio de fúria e carência. Não poderia viver sem ele, um vício. Por isso, por não poder largá-lo e por minha personalidade não me permitir desistir de algo começado, optei por deixar os outros dois cursos de idiomas, um de inglês e outro de italiano, depois que uma crise de stress me fez parar no hospital. Deixar não, apenas adiar.
Antes de começar a faculdade eu não colocava fé que ensino a distância fosse realmente eficaz. Preconceituosa? Sim, eu era. Mas aos poucos aprendi que tudo depende do aluno, no caso de mim mesma. Que eu podia estudar na Harvard e fazer trinta horas de aula extra por semana, mas se não me dedicasse, nem assim aprenderia.
Bom, eu não precisei ir pra Harvard, nem de cursos extras. Fora o pouco que já sabia, aprendi o quarto idioma mais falado no mundo, por nada menos que 450 milhões de pessoas entre Espanha e Américas, na faculdade EAD e tenho muito orgulho disso. Sinto pelos convencionais que ainda pensam que só se adquire conhecimento e se desenvolve competências em um ambiente restrito por paredes de concreto e um quadro negro.
Caíram por terra todos os meus contras com relação a essa modalidade de ensino. Sumiu a dúvida sobre se era possível aprender uma língua estrangeira a distância. Sim, é possível. Sim, o aprendizado é satisfatório. Hoje entendi na prática que o espaço virtual é um mundo cheio de oportunidades, basta que eu as crie e as permita crescer.
Até hoje juro que não entendo as pessoas que dizem que não é necessário estudo formal de espanhol porque é um idioma muito parecido com o português e por esse motivo é fácil demais para precisar ser estudado. Provavelmente quem diz algo assim nunca tomou conhecimento da conjugação e dois tempos verbais em espanhol e nem sequer ouviu falar em heterossemânticos. Mas concordo que quando alguém que tem o português como língua materna começa a estudar espanhol parece que fala muito bem o idioma, eu mesma tive essa ilusão, mas depois, ali pelo terceiro ou quarto semestres, o que antes ajudava o aprendizado agora passa a atrapalhar e a semelhança entre as duas línguas, tão boa antes, torna-se um pesadelo para os desavisados.
O Espanhol trouxe muitos fatores importantes para a minha vida. Além das quatro habilidades principais de fala, escrita, escuta e leitura e do fato de eu já “me virar bem” com o idioma, sou quase uma PHD em aproveitamento de tempo, em fazer quase todas as refeições em frente ao computador (já estava iniciada nessa técnica com o jornalismo, mas o espanhol aprimorou) e na arte do improviso para falar o que precisa ser dito mesmo quando não sei exatamente como dizer determinada palavra.  Sem falar na questão da adaptação, em alguns aspectos o espanhol me ajuda a cada vez mais dominar essa característica.
Confesso que minhas notas não são lá um exemplo. Poderia ter me dedicado bem mais, caso tivesse mais tempo. Mas meu esforço por não desistir no segundo semestre quando me deparei com disciplinas voltadas para adocência escolar, foi monstruoso! No entanto, para cada disciplina ‘nada a ver com Karine’ tinha mais cinco matérias legais e divertidas de aprender, que me fizeram agradecer por não ter desistido. Além, é claro, de professores que fizeram a diferença neste processo de aquisição da língua, e auxiliaram na dificuldade de escolher um acento para seguir, aos quais serei grata para sempre.
Fora tudo isso, também tive a sorte de conhecer gente muito querida. Amigos mesmo. Pessoas que se tornaram importantes na minha vida não só por terem o mesmo objetivo final que eu, mas por compartilharem dúvidas, experiências e conquistas.
Não sou fluente em espanhol, talvez nunca seja, mas entendi que aprender um idioma é muito mais que ter um vocabulário de milhares de palavras, mas sim buscar uma inserção num universo diferente do meu. Me permitir errar, não pronunciar corretamente, errar de novo, tentar de novo e mais quantas vezes for necessário até acertar.
Decerto foi o destino também quem quis, quando eu ainda só queria inconscientemente, que seguindo a tradição das mulheres da família, que são referência para mim, eu também me tornasse professora, assim como minha mãe: “de tal palo tal astilla”. Por mais que eu nunca exerça a profissão, (ou talvez exerça, vai saber…) ela me acrescentou muito como pessoa, meu aprendizado tornou-se uma satisfação pessoal e se pudesse voltar no tempo faria tudo de novo, exatamente como fiz, não dormiria as horas que não dormi, acordaria cedo nos finais de semana como acordei, sempre com una sonrisa no rosto.
Hoje não consigo me imaginar sem minhas charlas em espanhol pelo Skype, nem sem a presença, mesmo que distante de amigos hispanohablantes que muito me ajudam nesse processo de aquisição de língua meta, o qual eu acredito que seja eterno. Também não consigo mais pensar em como eu vivia antes sem minhas películas e canciones em espanhol, sem meus periódicoslidos com frequência y sem meus librosfavoritos. E as pessoas já nem reparam quando eu troco a palavra sugestão por sugerencia, ou hola por olá, ou mesmo os palavrões que não entendem. Porém, assim como tudo o que veio de bom com o espanhol, há também essas interferências, mas como dizem na Espanha: “¡A lo hecho, pecho!”… pois já não posso evitar.

Rabiscos de guardanapo

10 jul

Tem dias que acordo com tanta ideia, mas tanta ideia na mente que passo o dia como se estivesse em outro planeta. Dentro da minha ‘bolha’.  Cultivo minhas bobagens que sei que só cabem no meu mundo. Mas pelo menos ali elas cabem, só são bobagens para os outros. Em dias assim, se é que é possível, fico ainda mais distraída do que normalmente. ‘Avoada’ é a palavra que costumam me dizer. Dias que nem sei por onde começar, só sei que preciso começar. Já!

É uma inquietação tão deliciosa, que leva para algum lugar. Eu sei que leva.

Hoje é um dia desses. De planos, de vontades. De perceber que aquilo que parecia tão distante agora bateu à minha porta.

Decidi trocar o ‘será?’ pelo ‘sem dúvida!’ e colocar em prática antes que eu seja tomada por essas ideias e não consiga mais voltar à realidade.

Se bem que viver fora da realidade às vezes é bem mais divertido…

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